
A deusa com olhos de cão pergunta ao viajante. Como uma estátua que marca o fim - que ao mesmo tempo é o começo - da estrada, a tríplice deusa da Lua porta suas tochas e indaga, calmamente, ao homem parado há sua frente.
Ele, nervoso, trança as mãos. Sua mala está no chão, seu chapéu voou com o vento da noite. Mas, para a deusa, nada disso importa. O nervosismo, o cansaço, a fome... meros detalhes humanos. Ela também não está preocupada com o tempo que o homem levará para escolher. Há tantas e tantas Luas, há tantos ciclos do Sol ela faz a mesma pergunta, para as mais diferentes pessoas, que já não importa mais o tempo que elas demoram para responder.
A tríplice continua olhando para o homem, sem expressão. Ele consegue ver bem as três estradas que se abrem à sua frente, por conta da iluminação das tochas dela.
- Qual a senhora acha que eu devo seguir?
- Nenhum. Fique parado aqui até Thanatos buscar sua alma.
Ele treme. Ela sabe que não é de frio. É assustador, para qualquer viajante que passe por ali, pensar em ficar mais do que o necessário à frente da titânide. Eles sentem um frio imenso, uma insegurança terrível e um medo da noite que não é explicável pelas vias normais das palavras.
Impassível, imóvel, ela espera.
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